O presente trabalho teve por objetivo caracterizar os remanescentes da Floresta Ombrófila Densa, no estado
de Santa Catarina. O conjunto de dados utilizado neste estudo foi disponibilizado pelo projeto Inventário
Florístico Florestal de Santa Catarina, sendo oriundo de 197 unidades amostrais do tipo conglomerado. Os
conglomerados foram constituídos por quatro subunidades de 20 x 50 m, nas quais foram mensurados todos
os indivíduos arbóreo-arbustivos com DAP ≥ 10 cm. A estrutura da floresta foi caracterizada com o emprego
de parâmetros e índices fitossociológicos. Com base na densidade das espécies, foram realizadas análises
de agrupamento e ordenação na tentativa de identificar grupos de bacias hidrográficas e faixas de altitude.
Foram encontradas 577 espécies, pertencentes a 226 gêneros e 83 famílias. As famílias mais representativas
em número de espécies e indivíduos foram Myrtaceae, Lauraceae e Fabaceae. Espécies de áreas perturbadas
como
Alchornea triplinervia
,
Caseria sylvestris
e
Miconia cinnamomifolia
estão dentre as que dominam a
floresta. Por meio da análise de agrupamento, foi possível identificar três formações ao longo do gradiente
altitudinal, aqui denominadas: Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (< 30 m), Submontana (30 – 500
m) e Montana (> 500 m). Variações florísticas e estruturais puderam ser detectadas entre as três formações.
Em comunidades das terras baixas, a presença das famílias Anacardiaceae e Clusiaceae foi mais expressiva
e a altura média das árvores foi superior. Nos ambientes montanos, observou-se um aumento no número de
indivíduos, área basal e diversidade, além da maior representatividade das famílias Cyatheaceae, Lauraceae
e Rubiaceae. A ocorrência de Arecaceae foi marcante nos patamares submontanos. Grupos espaciais não
puderam ser seguramente definidos a partir de dados estruturais de bacias hidrográficas.