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Ciência Florestal, Vol. 16, No. 3, 2006, pp. 329-341 OCORRÊNCIA DE Glycaspis brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) EM Eucalyptus spp. NO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL OCCURRENCE OF Glycaspis brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) IN Eucalyptus spp. IN RIO GRANDE DO SUL, BRAZIL Leonardo da Silva Oliveira1 Ervandil Corrêa Costa2 Marta Grellmann3 Edison Bisognin Cantarelli4 Edison Rogério Perrando5 1.Engenheiro Florestal, Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Centro de Ciências
Florestais, Universidade Federal de Santa Maria, Travessa Monteiro Lobato, 125, CEP 97015-420, Santa Maria Recebido para publicação em 22/06/2005 e aceito em 28/07/2006. Code Number: cf06031 RESUMOEm janeiro de 2005, pela primeira vez, foi constatada a ocorrência de Glycaspis brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) em espécies de Eucalyptus spp. no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A observação ocorreu nos municípios de Butiá, Caçapava do Sul e Santa Maria. Palavras-chave: inseto-praga; psilídeo-de-concha; praga-do-eucalipto. ABSTRACTJanuary, 2005: occurrence of Glycaspis brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) in species of Eucalyptus spp. Was verified for the first time in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Observations occurred in the cites of Butiá, Caçapava do Sul and Santa Maria. Keywords:pest; red gum lerp psyllid; Eucalyptus pest. INTRODUÇÃOOs psilídeos são insetos diminutos (comprimento entre 1 e 2 mm), semelhantes a pequenas cigarras e de hábito sugador (Wilcken et al., 2003). São nativos da Austrália (Dahlsten & Rowney, 2000) onde ocorrem cerca de 330 espécies, distribuídos nos mais variados ecossistemas. Esses insetos podem se tornar uma das pragas mais devastadoras, atacando severamente plantações de Eucalyptus sp. (Collett, 2001). Entre as espécies de psilídeo consideradas praga encontra-se Glycaspis brimblecombei (psilídeo-de-concha). Nas Américas, a constatação da ocorrência do psilídeo-de-concha é recente. Nos Estados Unidos, verificou-se sua presença na Califórnia em 1998, na Flórida e Havaí em 2001; no México em 2000 e no Chile em 2002 (Dahlsten et al., 2003). No Brasil, o primeiro relato da ocorrência do psilídeo-de-concha em povoamentos de Eucalyptus sp. foi em junho de 2003, no interior do estado de São Paulo. Posteriormente, foi observado nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná (Wilcken et al., 2003). As plantas atacadas por essa espécie-praga apresentam folhas cobertas com pequenas conchas cônicas brancas e cerosas, formadas pela secreção adocicada honeydew e que geralmente estão associadas à fumagina. Altas populações de psilídeo-de-concha em espécies suscetíveis de eucalipto causam desfolhamento, podendo levar a árvore à morte (Nagamine e Heu, 2001). Outro dano causado é a redução da área foliar, determinando, conseqüentemente, uma redução na atividade fotossintética da planta, o que compromete, dessa forma, o seu desenvolvimento. Dahlsten (2005) salienta que a infestação do psilídeo-de-concha pode também favorecer o ataque de pragas secundárias, além da ocorrência de doenças. Desse modo, o objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência do psilídeo-de-concha em povoamentos de Eucalyptus spp. no estado do Rio Grande do Sul. MATERIAL E MÉTODOSNo período de dezembro de 2004 a março de 2005, foram observadas árvores isoladas e povoamentos de Eucalyptus spp., em três municípios do estado do Rio Grande do Sul, sendo eles: Butiá, localizado na região sudeste do Rio Grande do Sul; Santa Maria, na região central do Estado e Caçapava do Sul, na região sudoeste do Estado. No momento da constatação da presença, o material foi coletado e analisado no Laboratório de Entomologia da UFSM. Essas áreas foram georrefenciadas e avaliadas diversas características de infestação. RESULTADOS E DISCUSSÃONo Rio Grande do Sul, foi constatada a presença do psilídeo-de-concha nos municípios de Butiá, Caçapava do Sul e Santa Maria. No município de Butiá, observou-se a ocorrência do psilídeo-de-concha em árvores isoladas de Eucalyptus sp. (30°1356.1 Sul; 51°5834.6 Oeste), tanto em brotações como em árvores adultas e, associadas aos cones do psilídeo-de-concha, verificou-se a presença de formigas (Hymenoptera: Formicidae). Em Santa Maria, constatou-se a presença do psilídeo-de-concha em Eucalyptus sp. no Campus da Universidade Federal de Santa Maria (29°4313.8 Sul; 53°4293.1 Oeste), também em árvores isoladas. Em Caçapava do Sul, o inseto foi registrado em janeiro de 2005. A infestação do inseto-praga ocorreu em uma área de rebrota de Eucalyptus tereticornis (30°2006.0 Sul; 53°2107 Oeste), com brotações de seis meses de idade, com 20 a 30 conchas por folha (Figura 1). Devem-se salientar que em todos os municípios onde foi observada a presença da espécie-praga, sua ocorrência estava associada a locais de grande luminosidade, em árvores isoladas ou na bordadura de povoamentos. A observação do psilídeo-de-concha ocorreu durante um período muito seco, e de longa estiagem no estado do Rio Grande do Sul, que se estendeu de dezembro de 2004 a março de 2005. O manejo dessa praga ainda se encontra em fase inicial de estabelecimento. Segundo Dahlsten et al. (2003), o controle biológico por meio de inimigo natural Psyllaephagus bliteus (Hymenoptera: Encyrtidae) tem apresentado êxito na Califórnia e México. Como medidas preventivas, são sugeridas a eliminação de árvores dominadas no povoamento e evitar a ocorrência de injúrias em árvores. Santana et al. (2004) mencionam alguns inimigos naturais associados ao psilídeo-de-concha com potencial para o controle biológico no Brasil. São eles, os predadores: Olla v-nigrum (Coleoptera: Coccinellidae), Cycloneda sanguinea (Coleoptera: Coccinellidae), Eriopsis connexa (Coleoptera: Coccinellidae), Harmonia axyridis (Coleoptera: Coccinellidae), Hyppodamia convergens (Coleoptera: Coccinellidae), Chrysoperla externa (Neuroptera: Chrysopidae) e Ocyptamus sp. (Diptera: Syrphidae); o parasitóide Psyllaephagus bliteus (Hymenoptera: Encyrtidae), além de aranhas e fungos entomopatogênicos. Quanto ao controle químico, Ferreira et al. (2004) encontraram eficiência utilizando os inseticidas sistêmicos acetamiprid e acefato. A potencialidade do psílideo-de-concha em causar danos, o rápido poder de dispersão e sua preferência por um amplo número de espécies de eucalipto podem acarretar um considerável impacto negativo na produtividade da eucaliptocultura brasileira e, nesse momento, na Região Sul onde apresenta um significativo aumento de área plantada. Sendo assim, é eminente a necessidade de intensificar esforços na busca de formas de controle e monitoramento desse inseto-praga. CONCLUSÃONo primeiro registro da ocorrência de psílideo-de-concha no Rio Grande do Sul, já demostra grande capacidade de dispersão desse inseto associada à cultura do eucalipto, uma vez que abrange três regiões distintas do Estado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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