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Ciência Florestal
Centro de Pesquisas Florestais - CEPEF, Departamento de Ciências Florestais - DCFL, Programa de Pós Graduação em Engenharia Florestal - PPGEF
ISSN: 0103-9954 EISSN: 1980-5098
Vol. 16, Num. 3, 2006, pp. 324-341

Ciência Florestal, Vol. 16, No. 3, 2006, pp. 329-341

OCORRÊNCIA DE Glycaspis brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) EM Eucalyptus spp. NO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

OCCURRENCE OF Glycaspis brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) IN Eucalyptus spp. IN RIO GRANDE DO SUL, BRAZIL

Leonardo da Silva Oliveira1    Ervandil Corrêa Costa2    Marta Grellmann3 Edison Bisognin Cantarelli4    Edison Rogério Perrando5

1.Engenheiro Florestal, Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Centro de Ciências Florestais, Universidade Federal de Santa Maria, Travessa Monteiro Lobato, 125, CEP 97015-420, Santa Maria
(RS). Bolsista do CNPq. leonardo76rs@yahoo.com.br
2. Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor Titular do Departamento de Defesa Fitossanitária, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Campus Universitário, CEP 97105-900, Santa Maria (RS).
eccosta@ccr.ufsm.br
3. Acadêmica do Curso de Graduação em Engenharia Agronômica, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Campus Universitário, CEP 97119-900, Santa Maria (RS).
4. Engenheiro Florestal, Dr., Professor Adjunto do Centro de Ensino Superior do Norte do Rio Grande do Sul, Campi de Frederico Westphalen, CEP 98400-000, Frederico Westphalen (RS). engedison@yahoo.com
5. Engenheiro Florestal, Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal e Professor Substituto do Departamento de Engenharia Rural, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Campus Universitário, CEP 97105-900, Santa Maria (RS).

Recebido para publicação em 22/06/2005 e aceito em 28/07/2006.

Code Number: cf06031

RESUMO

Em janeiro de 2005, pela primeira vez, foi constatada a ocorrência de Glycaspis brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) em espécies de Eucalyptus spp. no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A observação ocorreu nos municípios de Butiá, Caçapava do Sul e Santa Maria.

 Palavras-chave: inseto-praga; psilídeo-de-concha; praga-do-eucalipto.

ABSTRACT

January, 2005: occurrence of Glycaspis brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) in species of Eucalyptus spp. Was verified for the first time in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Observations occurred in the cites of Butiá, Caçapava do Sul and Santa Maria.

Keywords:pest; red gum lerp psyllid; Eucalyptus pest.

INTRODUÇÃO

Os psilídeos são insetos diminutos (comprimento entre 1 e 2 mm), semelhantes a pequenas cigarras e de hábito sugador (Wilcken et al., 2003). São nativos da Austrália (Dahlsten & Rowney, 2000) onde ocorrem cerca de 330 espécies, distribuídos nos mais variados ecossistemas. Esses insetos podem se tornar uma das pragas mais devastadoras, atacando severamente plantações de Eucalyptus sp. (Collett, 2001). Entre as espécies de psilídeo consideradas praga encontra-se Glycaspis brimblecombei (psilídeo-de-concha).

Nas Américas, a constatação da ocorrência do psilídeo-de-concha é recente. Nos Estados Unidos, verificou-se sua presença na Califórnia em 1998, na Flórida e Havaí em 2001; no México em 2000 e no Chile em 2002 (Dahlsten et al., 2003). No Brasil, o primeiro relato da ocorrência do psilídeo-de-concha em povoamentos de Eucalyptus sp. foi em junho de 2003, no interior do estado de São Paulo. Posteriormente, foi observado nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná (Wilcken et al., 2003).

As plantas atacadas por essa espécie-praga apresentam folhas cobertas com pequenas conchas cônicas brancas e cerosas, formadas pela secreção adocicada “honeydew” e que geralmente estão associadas à fumagina. Altas populações de psilídeo-de-concha em espécies suscetíveis de eucalipto causam desfolhamento, podendo levar a árvore à morte (Nagamine e Heu, 2001).

Outro dano causado é a redução da área foliar, determinando, conseqüentemente, uma redução na atividade fotossintética da planta, o que compromete, dessa forma, o seu desenvolvimento. Dahlsten (2005) salienta que a infestação do psilídeo-de-concha pode também favorecer o ataque de pragas secundárias, além da ocorrência de doenças. Desse modo, o objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência do psilídeo-de-concha em povoamentos de Eucalyptus spp. no estado do Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS

No período de dezembro de 2004 a março de 2005, foram observadas árvores isoladas e povoamentos de Eucalyptus spp., em três municípios do estado do Rio Grande do Sul, sendo eles: Butiá, localizado na região sudeste do Rio Grande do Sul; Santa Maria, na região central do Estado  e Caçapava do Sul, na região sudoeste do Estado. No momento da constatação da presença, o material foi coletado e analisado no Laboratório de Entomologia da UFSM. Essas áreas foram georrefenciadas e avaliadas diversas características de infestação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Rio Grande do Sul, foi constatada a presença do psilídeo-de-concha nos municípios de Butiá, Caçapava do Sul e Santa Maria. No município de Butiá, observou-se a ocorrência do psilídeo-de-concha em árvores isoladas de Eucalyptus sp. (30°13’56.1’’ Sul; 51°58’34.6’’ Oeste), tanto em brotações como em árvores adultas e, associadas aos cones do psilídeo-de-concha, verificou-se a presença de formigas (Hymenoptera: Formicidae). Em Santa Maria, constatou-se a presença do psilídeo-de-concha em Eucalyptus sp. no Campus da Universidade Federal de Santa Maria (29°43’13.8”  Sul; 53°42’93.1” Oeste), também em árvores isoladas.

Em Caçapava do Sul, o inseto foi registrado em janeiro de 2005. A infestação do inseto-praga ocorreu em uma área de rebrota de Eucalyptus tereticornis (30°20’06.0’’ Sul; 53°21’07’’ Oeste), com brotações de seis meses de idade, com 20 a 30 conchas por folha (Figura 1).

Devem-se salientar que em todos os municípios onde foi observada a presença da espécie-praga, sua ocorrência estava associada a locais de grande luminosidade, em árvores isoladas ou na bordadura de povoamentos. A observação do psilídeo-de-concha ocorreu durante um período muito seco, e de longa estiagem no estado do Rio Grande do Sul, que se estendeu de dezembro de 2004 a março de 2005.

O manejo dessa praga ainda se encontra em fase inicial de estabelecimento. Segundo Dahlsten et al. (2003), o controle biológico por meio de inimigo natural Psyllaephagus bliteus (Hymenoptera: Encyrtidae) tem apresentado êxito na Califórnia e México.  Como medidas preventivas, são sugeridas a eliminação de árvores dominadas no povoamento e evitar a ocorrência de injúrias em árvores.

Santana et al. (2004) mencionam alguns inimigos naturais associados ao psilídeo-de-concha com potencial para o controle biológico no Brasil.  São eles, os predadores: Olla v-nigrum (Coleoptera: Coccinellidae), Cycloneda sanguinea (Coleoptera: Coccinellidae), Eriopsis connexa (Coleoptera: Coccinellidae), Harmonia axyridis (Coleoptera: Coccinellidae), Hyppodamia convergens (Coleoptera: Coccinellidae), Chrysoperla externa (Neuroptera: Chrysopidae) e Ocyptamus sp. (Diptera: Syrphidae); o parasitóide Psyllaephagus bliteus (Hymenoptera: Encyrtidae), além de aranhas e fungos entomopatogênicos. Quanto ao controle químico, Ferreira et al. (2004) encontraram eficiência utilizando os inseticidas sistêmicos acetamiprid e acefato. 

A potencialidade do psílideo-de-concha em causar danos, o rápido poder de dispersão e sua preferência por um amplo número de espécies de eucalipto podem acarretar um considerável impacto negativo na produtividade da eucaliptocultura brasileira e, nesse momento, na Região Sul onde apresenta um significativo aumento de área plantada. Sendo assim, é eminente a necessidade de intensificar esforços na busca de formas de controle e monitoramento desse inseto-praga.

CONCLUSÃO

No primeiro registro da ocorrência de psílideo-de-concha no Rio Grande do Sul, já demostra grande capacidade de dispersão desse inseto associada à cultura do eucalipto, uma vez que abrange três regiões distintas do Estado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • COLLETT, N. Biology and control of psyllids, and the possible causes for defoliation of Eucalyptus camaldulensis Dehnh. (river red gum). Australian Forestry, v. 64, n. 2, p. 88-95, 2001.
  • DAHLSTEN, D.L. Biological control of the red gum lerp psyllid, a pest of Eucalyptus species in California. The regents of the University of California. Disponível em: <http://www.cnr.berkeley.edu/biocon/dahlsten/rglp/>. Acesso em: 12 jan. 2005.
  • DAHLSTEN, D.L.; DREISTADT, S.H.; GARRISON, R.W.; GILL, R.J. Eucalyptus Redgum lerp psyllid. Pest Notes, n. 7460, 2003.
  • DAHLSTEN, D.L.; ROWNEY, D.L. The red gum lerp psyllid, a new pest of Eucalyptus species in California, 2000. Disponível em: <http://www.cnr.berkeley.edu/biocon/dahlsten/rglp/index.htm>. Acesso em: 12 jan. 2005.
  • FERREIRA FILHO, P.J.; COUTO, E.B.; WILCKEN, C.F.; MATOS, C.A.O.; DAL POGETTO, M.H.F.A. Eficiência de inseticidas sistêmicos no controle de psilídeo-de-concha Glycaspis brimblecombei (Hemiptera: Psyllidae) em eucalipto. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 20., Gramado. Anais... Gramado: Sociedade Entomológica do Brasil, 2004. p. 458.
  • NAGAMINE, W.T.; HEU, R.A. Red gum lerp psyllid. New pest advisory, n. 1-2, p. 1-2, 2001.
  • SANTANA, D.L.Q.; CARVALHO, R.C.Z.; FAVARO, R.M.; ALMEIDA, L.M. Glycaspis brimblecombei (Hemiptera: Psyllidae) e seus inimigos naturais no Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 20., Gramado. Anais... Gramado: Sociedade Entomológica do Brasil, 2004. p. 450.
  • WILCKEN, C.F.; COUTO, E.B.; ORLATO, C.; FERREIRA FILHO, P.J.; FIRMINO, D.C. Ocorrência do psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei) (Hemiptera: Psyllidae) em florestas de eucalipto no Brasil. Piracicaba: IPEF, 2003.  p. 01-11 (Série Técnica IPEF; n. 201).

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