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Ciência Florestal
Centro de Pesquisas Florestais - CEPEF, Departamento de Ciências Florestais - DCFL, Programa de Pós Graduação em Engenharia Florestal - PPGEF
ISSN: 0103-9954 EISSN: 1980-5098
Vol. 18, Num. 2, 2008, pp. 265-270
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Ciência Florestal, Vol. 18, No. 2, 2008, pp. 265-270
UTILIZAÇÃO DE
MADEIRAS DE Eucalyptus grandis E Eucalyptus dunnii PARA PRODUÇÃO
DE PAINÉIS DE PARTÍCULAS ORIENTADAS OSB
UTILIZATION OF WOOD OF Eucalyptus
grandis AND Eucalyptus dunnii FOR ORIENTED STRAND BOARD OSB
MANUFACTURING
Setsuo Iwakiri1, Carlos Eduardo Camargo de Albuquerque2, José
Guilherme Prata3, Abel Cardoso Buarque Costa4
1Engenheiro Florestal, Dr., Professor Titular do Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, Universidade
Federal do Paraná, Rua Lothário Meissner, 3400, Bairro Jardim Botânico, Campus III, CEP 80210-170, Curitiba
(PR). setsuo@ufpr.br
2Engenheiro Florestal, Dr, Professor Adjunto do Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, Universidade
Federal do Paraná, Rua Lothário Meissner, 3400, Bairro Jardim Botânico, Campus III, CEP 80210-170, Curitiba
(PR).
3Engenheiro Florestal, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal
do Paraná, Rua Lothário Meissner, 3400, Bairro Jardim Botânico, Campus III, CEP 80210-170, Curitiba (PR).
4Acadêmico do Curso de Engenharia Industrial Madeireira, Universidade Federal do Paraná, Rua Lothário Meissner,
3400, Bairro Jardim Botânico, Campus III, CEP 80210-170, Curitiba (PR). Bolsista de Iniciação Científica
PIBIC/CNPq.
Recebido para publicação em 4/04/2007 e aceito em 10/12/2007.
Code Number: cf08024
RESUMO
Este
trabalho foi desenvolvido com objetivo de avaliar a viabilidade de utilização
de madeiras de Eucalyptus grandis e Eucalyptus dunnii para
produção de painéis OSB. Foram produzidos em laboratório painéis com densidade
nominal de 0,70 e 1,0 g/cm³, com 100% de partículas de Pinus taeda,
Eucalyptus grandis e Eucalyptus dunnii, além de painéis com mistura
de 50% de Pinus taeda na camada interna do painel, com 50% de Eucalyptus
grandis e 50% de Eucalyptus dunnii.. Os painéis de Eucalyptus
grandis com densidade de 0,70 g/cm³, considerada padrão comercial,
apresentaram valores de propriedades compatíveis com os requisitos da norma
canadense (CSA) e européia EN, e também em relação aos painéis de Pinus
taeda usados como testemunhas. Os resultados dos ensaios mecânicos
demonstraram incremento expressivo nos valores de MOE e MOR em flexão estática
com aumento na densidade do painel, abrindo a probabilidade de uso de painéis com
maior densificação para aplicações que requeiram maior resistência do painel
OSB. Os resultados desta pesquisa indicam a viabilidade de utilização de
madeira de Eucalyptus grandis como espécie alternativa para produção de
painéis OSB no Brasil.
Palavras-chave: eucalipto;
painéis OSB; razão de compactação; Pinus taeda.
ABSTRACT
This study
was developed to evaluate the feasibility of OSB manufacturing using woods of Eucalyptus
grandis and Eucalyptus dunnii. Boards with nominal density of 0,70
g/cm³ and 1,0 g/cm³ were manufactured in laboratory, using 100% of wood
particles from Pinus taeda, Eucalyptus grandis and Eucalyptus dunnii,
and mixtures of 50% of Pinus taeda in the internal layer of the board,
with 50% of Eucalyptus grandis and 50% of Eucalyptus dunnii.The
boards of Eucalyptus grandis with density of 0,70 g/cm³, as standard
board density, showed the values of properties compatible with the requirements
of the Canadian and European Standards and also in relation of boards
manufactured from Pinus taeda. The results of the mechanical properties
showed an increase in the MOE and MOR in static bending with the increase in
the board density, opening the possibility to use the high density OSB for
applications requiring higher strength. The results of this research indicate
that wood of Eucalyptus grandis can be used as alternative specie to OSB
manufacturing in the Brazil.
Keywords: eucalipto;
OSB; compaction ratio; Pinus taeda.
INTRODUÇÃO
Tendo
em vista o aumento significativo na demanda pela madeira de Pinus a partir da
década de 90, e a falta de plantios para reposição florestal em escalas
compatíveis para equilíbrio da relação oferta / demanda, as indústrias de base
florestal têm procurado por espécies alternativas que possam suprir a falta de
madeira de Pinus para os próximos anos.
Dentro
desse cenário, as empresas florestais têm procurado nas espécies do gênero Eucalyptus,
uma solução para fornecimento de matéria-prima. O Eucalyptus grandis é
uma espécie em destaque, tendo em vista as altas taxas de produtividade das
florestas plantadas, boa adaptação em grande parte do território brasileiro e
disponibilidade considerável de florestas para pronto uso (SILVA,2002). Outra
espécie com potencial é o Eucalyptus dunnii, espécie de rápido
crescimento que se adaptou satisfatoriamente nas regiões de ocorrência de
geadas e inverno rigoroso como nosestados da Região Sul do Brasil
(ROCHA, 2002).
Uma
das limitações para o processamento e uso de madeiras do gênero Eucalyptus,são as altas tensões de crescimento que resultam em rachaduras e
empenamentos de peças de madeira, reduzindo a qualidade e grau de
aproveitamento das toras. Entretanto, técnicas de liberação de tensões de
crescimento em árvores e toras têm sido empregadas para minimizar tais
problemas. Por outro lado, a utilização da sua madeira pelo processo de
transformação em peças menores e posterior colagem para fabricação de painéis
reconstituídos de madeira, seria uma opção tecnológica, que poderia viabilizar
o seu uso de forma mais adequada. A inclusão da ligação adesiva entre as peças
de madeira reduz a sua instabilidade dimensional, além de aumentar a gama de
utilização em produtos de melhor qualidade e de maior valor agregado.
O OSB é um painel de uso estrutural, produzido com partículas do tipo
strand de formato retangular, com uso de resinas fenol-formaldeído e/ou
isocianato (MDI). No processo de formação, as partículas de cada camada são
orientadas na mesma direção e o painel é consolidado através de prensagem a
quente. A composição do painel em três camadas cruzadas confere melhor
distribuição da resistência nas direções longitudinal e transversal, além de
melhorar a estabilidade dimensional (MALONEY, 1992; MARRA, 1994).
Dentre os fatores que afetam as propriedades dos painéis OSB, os mais
importantes são: densidade da madeira, densidade do painel, geometria das
partículas, teor de umidade das partículas e do colchão, teor de resina e
parâmetros do ciclo de prensagem (MOSLEMI, 1974). De acordo com Kelly (1977),
as propriedades mecânicas dos painéis particulados podem ser melhoradas com o
aumento da relação entre comprimento e espessura das partículas, denominada de
razão de esbeltez, e também da razão de compactação, que é a relação entre a
densidade do painel e densidade da madeira. Portanto, a utilização de
partículas de formato alongado (tipo strand) e espécies de madeira de
baixa densidade melhoram as propriedades mecânicas dos painéis. Por outro
lado, a maior razão de compactação do painel decorrente do uso de madeiras de
baixa densidade, aumenta o inchamento em espessura, prejudicando a estabilidade
dimensional dos painéis. Pode-se comentar ainda que a maior densidade do painel
resulta em maior consumo absoluto de adesivo por unidade de volume. Com relação
à densidade do painel e teor de resina, há uma relação direta com as
propriedades mecânicas dos painéis (MARRA, 1993).
A utilização de painéis OSB tem aumentado significativamente e tem
ocupado mercados antes exclusivos dos compensados, em virtude de fatores como:
(i) redução da disponibilidade de toras de boa qualidade para laminação; (ii)
OSB pode ser produzido partindo de toras de qualidade inferior e de espécies de
baixo valor comercial; (iii) a largura e comprimento dos painéis OSB é
determinada pela tecnologia de produção e não em função do comprimento das
toras como no caso de compensados (CLOUTIER, 1998).
Os painéis OSB são produtos utilizados para aplicações estruturais,
como paredes, suportes para forros e pisos, componentes de vigas I-joists,
embalagens, etc., tendo em vista boas características de resistência mecânica e
estabilidade dimensional (CSA, 1993).
Este
trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de utilização de madeiras de Eucalyptus
grandis e Eucalyptus dunnii como matéria-prima para produção de
painéis de partículas orientadas OSB.
MATERIAIS E
MÉTODOS
Foram
utilizadas, nesta pesquisa, madeiras de Eucalyptus grandis e Eucalyptus
dunnii, provenientes de árvores com 18 e 15 anos respectivamente, coletadas
nas regiões de Telêmaco Borba, PR e Canoinhas, SC. A madeira de Pinus taeda
utilizada como testemunha foi obtida dos plantios localizados na região de
Jaguariaíva, PR.
A
resina empregada na colagem de partículas foi a fenol-formaldeído, com teor de
sólidos de 49% e viscosidade Brookfield de 300 cP.
As
partículas do tipo strand com o comprimento de 8,5 mm, espessura de 0,7 mm e largura inferior a 25 mm, foram geradas num picador de disco. As
partículas foram secas ao teor de umidade médio de 3% e classificadas em uma
peneira para retirada de finos. A seguir, foi realizada a aplicação de resina
sobre as partículas em quantidade de 6% de sólidos de resina FF em relação ao
peso seco das partículas.
O
colchão foi formado numa caixa orientadora de partículas, sendo 25% das camadas
externas na mesma direção e 50% da camada interna disposta perpendicularmente
às externas. Os painéis foram prensados à pressão específica de 40 kgf/cm²,
temperatura de 180ºC e tempo de permanência de 8 minutos. Os painéis foram
produzidos em número de dois para cada tratamento, com as dimensões de 50
x 50 x 1,5 cm e densidade nominal de 0,70 g/cm³ e 1,0 g/cm³, conforme
delineamento experimental apresentado na Tabela 1.
TABELA 1: Delineamento
experimental.
TABLE 1: Experimental chart.
Tratamento
|
Densidade nominal
(g/cm³)
|
Composição do painel
|
TP-07
|
0,70
|
100% Pinus taeda
|
TG-07
|
0,70
|
100% Eucalyptus
grandis
|
TG-10
|
1,00
|
100% Eucalyptus grandis
|
TGP-10
|
1,00
|
25% Eucalyptus grandis
50% Pinus taeda
25% Eucalyptus grandis
|
TD-07
|
0,70
|
100% Eucalyptus
dunnii
|
TD-10
|
1,00
|
100% Eucalyptus
dunnii
|
TDP-10
|
1,00
|
25% Eucalyptus
dunnii
50% Pinus taeda
25% Eucalyptus
dunnii
|
Após a prensagem, os
painéis foram pré-esquadrejados e acondicionados em câmara climática à
temperatura de 20 + 1ºC e umidade relativa de 65 + 3% até a
estabilização.
Para
avaliações das propriedades físico-mecânicas, foram retirados de cada painel,
cinco corpos de prova para ligação interna, três corpos de prova para absorção
e inchamento em espessura e dois corpos de prova para flexão estática. Os
ensaios foram realizados de acordo com os procedimentos descritos na norma EN
319, EN 317 e EN 310, respectivamente. Os resultados foram analisados
estatisticamente por meio de ANOVA e teste de Tukey em nível de probabilidade
de 95%.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na
Tabela 2, estão apresentados os valores médios para densidade do painel, razão
de compactação, ligação interna, módulo de elasticidade e de ruptura dos
painéis OSB.
Os
valores médios de densidades aparentes a 12% de umidade das madeiras de Pinus
taeda, Eucalyptus grandis e Eucalyptus dunnii utilizados nesta
pesquisa foram, respectivamente, de 0,54 g/cm³, 0,60 g/cm³ e 0,68 g/cm³. Com
relação às densidades médias obtidas para os painéis, estas foram um pouco
inferiores em comparação às densidades nominais de 0,70 g/cm³ e 1,0 g/cm³
estabelecidas no delineamento experimental. Tais diferenças podem ser
atribuídas sobretudo às condições operacionais relacionadas à perda de
materiais durante a formação do colchão e prensagem dos painéis, além do
retorno em espessura do painel após a sua retirada da prensa. Esses fatores
influenciam diretamente na redução da densidade do painel em função da redução
no peso de partículas do colchão e aumento da espessura e volume do painel. Os
valores de razão de compactação obtidos pelas relações entre as densidades do
painel e da madeira, indicam para painéis de Eucalyptus dunnii com
densidade nominal de 0,70 g/cm³, razão de compactação de 1,00, considerada
abaixo da faixa ideal de 1,3 a 1,6, conforme descrito por Moslemi (1977) e
Maloney (1993). Segundo os autores, há uma relação diretamente proporcional
entre a razão de compactação e as propriedades de resistência de painéis de
partículas. Por outro lado, para os painéis de Eucalyptus grandis e Eucalyptus
dunnii com densidade nominal de 1,0 g/cm³, foram obtidos maiores valores de
razão de compactação, sendo, respectivamente, de 1,61 e 1,56.
TABELA
2: Valores médios da densidade do painel, razão de compactação e propriedades
mecânicas dos painéis OSB.
TABLE 2: Average values of board density,
compaction ratio and mechanical properties of OSB.
Tratamento
|
DP (g/cm³)
|
RC
|
LI (MPa)
|
MOE (MPa)
|
MOR (MPa)
|
TP-07
|
0,71
|
1,31
|
0,42 abc
(12,18%)
|
5.317 ab
(13,33%)
|
30,8 ab
(27,35%)
|
TG-07
|
0,67
|
1,12
|
0,41 ab
(42,10%)
|
6.141 ab
(15,44%)
|
32,1 ab
(33,33%)
|
TG-10
|
0,83
|
1,38
|
0,47 bc
(36,10%)
|
6.610 b
(28,45%)
|
44,1 b
(28,46%)
|
TGP-10
|
0,92
|
1,61
|
0,61 c
(21,49%)
|
6.880 b
(18,49%)
|
45,1 b
(24,86%)
|
TD-07
|
0,68
|
1,00
|
0,23 a
(33,92%)
|
4.316 a
(26,42%)
|
15,7 a
(32,31%)
|
TD-10
|
0,91
|
1,34
|
0,56 bc
(20,80%)
|
6.823 b
(9,45%)
|
36,0 b
(12,99%)
|
TDP-10
|
0,95
|
1,56
|
0,54 bc
(19,59%)
|
7.050 b
(13,36%)
|
44,9 b
(21,04%)
|
Em que: TP-07
= pinus, densidade 0,70 g/cm³; TG-07 = grandis, densidade 1,0 g/cm³; TG-10 =
grandis, densidade 1,0 g/cm³; TGP-10 = grandis e pinus (camada interna),
densidade 10 g/cm³; TD-07 = dunnii, densidade 0,7 g/cm³; TG-10 = dunnii,
densidade 1,0 g/cm³; TGP-10 = dunnii e pinus (camada interna), densidade 1,0
g/cm³; DP = densidade painel; RC = razão compactação; LI = ligação interna; MOE
= módulo elasticidade; MOR = módulo ruptura; ( ... ) = coeficiente variação
(%).
O
aumento na densidade não afetou significativamente os valores médios de ligação
interna para os painéis produzidos com Eucalyptus grandis. Entretanto,
em termos de médias absolutas, os painéis, com densidade nominal de 1,0 g/cm³
com inclusão de partículas de Pinus taeda na camada interna,
apresentaram maiores valores de ligação interna. Essa constatação indica a
influência da maior razão de compactação da camada interna constituída de
partículas de Pinus taeda com menor densidade da madeira. Entre os
painéis de Eucalyptus dunnii, o aumento na densidade do painel resultou
em médias estatisticamente superiores de ligação interna. Mendes (2001)
verificou também aumento nos valores de ligação interna de 6,41 kgf/cm² (0,63
MPa) para 7,66 kgf/cm² (0,75 MPa) com aumento na densidade dos painéis OSB de Pinus
de 0,65 para 0,80 g/cm³. A influência da razão de compactação fica bem
expressiva para os painéis de Eucalyptus dunnii com densidade nominal de
0,70 g/cm³ cuja razão de compactação de 1,00 foi o menor valor entre os
tratamentos.
Ao
se avaliar os resultados de ligação interna dos painéis com densidade nominal
de 0,70 g/cm³, considerada padrão comercial, os painéis de Eucalyptus
grandis não apresentaram valores estatisticamente diferentes em relação aos
painéis testemunhas de Pinus taeda. Os painéis de Eucalyptus dunnii
apresentaram resultados estatisticamente inferiores em relação aos painéis
testemunhas.
Com
exceção dos painéis de Eucalyptus dunnii com densidade de 0,70 g/cm³,
todos os demais tratamentos apresentaram valores médios de ligação interna
superiores em relação aos valores mínimos exigidos pela norma CSA 0437-0 de
0,34 MPa e norma EN 319 de 0,35 MPa.
Tanto
para o MOE, quanto para o MOR, com exceção de painéis de Eucalyptus dunnii
com densidade de 0,70 g/cm³, que apresentaram baixos valores, as médias obtidas
para os demais tratamentos foram estatisticamente iguais. Entretanto, na
comparação entre as médias absolutas pode-se constatar que há uma tendência de
aumento nos valores de MOE e MOR com aumento na densidade dos painéis, tanto
para Eucalyptus grandis, quanto para Eucalyptus dunnii.
Os
painéis compostos com mistura de partículas de Eucalyptus grandis/Pinus
taeda e Eucalyptus dunnii / Pinus taeda (TGP-10 e TDP-10)
apresentaram valores médios de MOE e MOR ligeiramente superiores em relação aos
painéis produzidos sem a mistura de partículas de Pinus taeda. Outra
constatação importante é com relação à influência da razão de compactação sobre
essa propriedade. Pode-se constatar que os painéis correspondentes aos
tratamentos TG-10 e TD-10, com razão de compactação de 1,61 e 1,56
respectivamente apresentaram maiores valores de MOE e MOR.
Com
exceção dos painéis de Eucalyptus dunnii com densidade de 0,70 g/cm³,
todos os demais tratamentos apresentaram valores médios de MOE e MOR superiores
em relação aos valores mínimos exigidos pela norma CSA 0437-0 (1993),
respectivamente, de 55.000 kgf/cm² (5.394 MPa) para MOE e 290 kgf/cm² (8,8 MPa)
para MOR. Os valores obtidos são superiores também em comparação aos requisitos
da norma EN 310 (1993) de 48.000 kgf/cm² (4.707 MPa) para MOE e 280 kgf/cm²
(27,4 MPa) para MOR.
Na
Tabela 3, estão apresentados os valores médios de absorção de água e inchamento
em espessura 24 horas e respectivos coeficientes de variação.
TABELA 3: Resultados de
absorção de água e inchamento em espessura 24 horas.
TABLE 3: Results of
water absorption and thickness sweeling 24 hours.
Tratamento
|
AA 24 h (%)
|
IE 24 h (%)
|
Média
|
CV (%)
|
Média
|
CV (%)
|
TP-0.7
|
69,16 b
|
7,04
|
24,58 a
|
36,93
|
TG-0.7
|
68,49 b
|
12,87
|
19,21 a
|
11,12
|
TG-1.0
|
39,47 a
|
20,97
|
15,86 a
|
36,85
|
TGP-1.0
|
35,69 a
|
20,33
|
16,81 a
|
32,57
|
TD-0.7
|
82,04 b
|
9,48
|
25,92 a
|
6,27
|
TD-1.0
|
46,92 a
|
16,03
|
24,50 a
|
9,75
|
TDP-1.0
|
38,92 a
|
14,79
|
20,51 a
|
19,36
|
Em que: TP-07
= pinus, densidade 0,70 g/cm³; TG-07 = grandis, densidade 1,0 g/cm³; TG-10 =
grandis, densidade 1,0 g/cm³; TGP-10 = grandis e pinus (camada interna),
densidade 1,0 g/cm³; TD-07 = dunnii, densidade 0,7 g/cm³; TG-10 = dunnii,
densidade 1,0 g/cm³; TGP-10 = dunnii e pinus (camada interna), densidade 1,0
g/cm³; AA = absorção de água; IE = inchamento em espessura; CV = coeficiente
variação.
Os
resultados de absorção de água 24 horas demonstram claramente que os painéis
com maiores densidades apresentam menor percentagem de absorção de água em
relação aos painéis com densidades menores. Esse resultado comprova os
conceitos apresentados por vários autores como Moslemi (1974), Maloney (1993) e
Kelly (1977), de que a maior compactação e densificação de painéis particulados
dificultam e reduzem a entrada de água nas camadas internas do painel,
reduzindo a quantidade de absorção de água.
Entre
os painéis produzidos com densidade de 0,70 g/cm³, os painéis de Eucalyptus
dunnii apresentaram valor médio de absorção de água superior em relação aos
painéis de Pinus taeda e Eucalyptus grandis, indicando que a baixa razão
de compactação favorece a penetração de água. Para efeitos de comparação
dos resultados obtidos nesta pesquisa, Mendes (2001) obteve para painéis OSB de
Pinus com densidade de 0,65 g/cm3 e 0,80 g/cm³, valores médios de absorção
de água 24 horas de 63,75 e 49,95% respectivamente.
Para
o inchamento em espessura 24 horas, não foram constatadas diferenças estatisticamente
significativas entre as médias obtidas para todos os tratamentos. Os painéis
produzidos com maior densidade não apresentaram valores superiores de
inchamento em espessura, ao contrário do mencionado nas fontes bibliográficas.
Os valores de inchamento em espessura 24 horas obtidos nesta pesquisa foram
superiores ao valor máximo de 12% indicado pela norma EN 317 (1993).
Entretanto, cabe mencionar que, nesta pesquisa, não foram aplicadas emulsões de
parafina sobre as partículas para retardar a absorção de água pela madeira. Por
outro lado, os valores médios obtidos nesta pesquisa, foram bem inferiores em
relação aos resultados obtidos, por Mendes (2001) para painéis OSB de Pinus
cujos valores foram de 34,29 e 38,34% respectivamente para os painéis com
densidade de 0,65 g/cm³ e 0,80 g/cm³. O autor não menciona a utilização de
emulsão de parafina para retardar a absorção de água pela madeira.
CONCLUSÕES
Com
base nos resultados obtidos nesta pesquisa, as seguintes conclusões podem ser
apresentadas:
Os
painéis OSB de Eucalytpus grandis com densidade de 0,70 g/cm³
apresentaram resultados de propriedades mecânicas satisfatórias em comparação
aos painéis OSB de Pinus taeda. Os resultados de ligação interna, MOE e
MOR atendem aos requisitos mínimos exigidos pela norma SCA 437-0 (1993) e EN
(1993) para painéis comerciais. Os painéis OSB de Eucalyptus dunnii com
densidade de 0,70 g/cm³ não atendem a essas especificações, provavelmente em
função da menor razão de compactação do painel.
Como
aumento na densidade nominal do painel OSB de 0,70 g/cm³ para 1,0 g/cm³,
constatou-se aumento nos valores de MOE e MOR, tanto de Eucalyptus grandis, quanto
de Eucalyptus dunnii, indicando a probabilidade de uso para aplicações
específicas que requeiram maior resistência mecânica.
Com
a inclusão de partículas de Pinus taeda em proporção de 50% na camada
interna, verificou-se uma tendência clara de aumento nos valores de MOE e MOR
em relação aos painéis OSB produzidos apenas com eucalipto.
O
aumento na densidade do painel resultou em redução na taxa de absorção de água
após 24 horas de imersão. Por outro lado, o inchamento em espessura não foi
afetado pelo aumento na densidade dos painéis. Os valores de absorção de água e
inchamento em espessura obtidos neste estudo estão compatíveis com resultados
apresentados na literatura.
Os
resultados desta pesquisa indicam que a madeira de Eucalyptus grandis
apresenta potencial para utilização como espécie alternativa para a produção de
painéis OSB no Brasil.
REFERÊNCIAS
BILBIOGRÁFICAS
- CANADIAN STANDARDS
ASSOCIATION. OSB and Waferboard. CSA 0437.0 93. Ontário: 1993. 18p.
- CLOUTIER, A. Oriented
Strandboard (OSB): raw material, manufacturing process, properties of wood-base
fiber and particle materials. In: INTERNATIONAL SEMINAR ON SOLID WOOD PRODUCTS
OF HIGH TECHNOLOGY, 1.,1998, Belo Horizonte. Anais
Belo
Horizonte, SIF, 1998, p. 173-185.
- EUROPEAN
COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. CEN 02.26. 1993.
- KELLY, M.W. A
critical literature review of relationship between processing parameters and
physical properties of particleboard. U.S. For. Prod. Lab. General
Technical Report. FPL-10, Madison, 1977, 66p.
- MALONEY, T.M. Modern
particleboard and dry process fiberboard manufacturing. 2 ed. São Francisco: M.Freeman, 1993. 689p.
- MARRA, A.A. Technology
of wood bonding: principles in practice. New York: Van Nostrand Reinhold.
1992. 453p.
- MENDES, L.M. Pinus spp. na produção
de painéis de partículas orientadas (OSB). Curitiba: UFPR, 2001. 156f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) - Universidade Federal do Paraná, 2001.
- MOSLEMI, A.A. Particleboard.
Vol.2: Technology, London: Southern Illinois University Press, 1974. 245p.
- ROCHA, M.P. Eucalyptus
grandis Hill ex Maiden e Eucalyptus dunnii Maiden como fontes de
matéria-prima para serrarias. Curitiba: UFPR, 2000. 185f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) - Universidade Federal do Paraná, 2000.
- SILVA, J. C. Caracterização
da madeira de Eucalyptus grandis Hill ex. Maiden, de diferentes idades,
visando a sua utilização na indústria moveleira. Curitiba: UFPR, 2002. 160f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) - Universidade Federal do Paraná, 2002.
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