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Archivos Latinoamericanos de Produccion Animal, Vol. 15, No. 1, 2007, pp. 1-9 Produção e composição do leite e eficiência alimentar de vacasda raça Jersey suplementadas com fontes lipídicas Milk yield and composition, and feed efficiency in Jersey cows supplemented with fat sources S. López1, J. López y W. Stumpf Junior2 Faculdade de Agronomia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil 1Autor para la correspondencia, e-mail: jlopez@orion.ufrgs.br 2Embrapa-CPACT. E-mail: tstumpf@brturbo.com Recibido enero, 29 2006. Aceptado noviembre 20, 2006. Code Number: la07001 ABSTRACT Eight Jersey cows in early lactation, of 380 kg mean liveweight, were used to evaluate the effects of several lipid supplements on milk yield and composition and feed efficiency. The cows were distributed in a replicated 4 x 4 Latin square design, with 21-day experimental periods, and fed isocaloric diets of corn silage and alfalfa hay and one of four concentrates: control (without lipid supplement) and three including different lipid sources: tallow, protected fact and ground whole soybeans. Milk yield was recorded daily and on the 19th and 21st day of each experimental period samples of milk were collected for determination of chemical composition. The data were submitted to analysis of variance and means were compared by Tukey test. The diet with protected fat increased (P<0.05) 4% fat-corrected-milk (FCM) yield and improved feed efficiency in relation to the control. The different lipid sources did not influence (P< 0.005) the concentration or production of fat, protein and lactose, nor the concentration of urea, total solids, calcium, ash and energy of the milk. Key words: Protected Fat, Soybean, Tallow. RESUMO Oito vacas da raça Jersey, na fase inicial da lactação, com peso vivo médio de 380 kg, foram utilizadas para estudar o efeito da suplementação de diferentes fontes lipídicas sobre a produção e composição do leite e a eficiência alimentar. Para isso, os animais foram distribuídos em dois quadrados latinos 4 x 4 com período experimental de 21 dias e alimentados com silagem de milho e feno de alfafa e umo de quatro tipos de concentrado: controle (sem suplementação lipídica) e três contendo diferentes fontes de lipídeos: sebo, gordura protegida e grãos de soja integral triturados de modo a tornar as dietas isoenergéticas. As produções de leite foram medidas diariamente, sendo que no 19 Palavras-chave: Gordura Protegida, Grão de Soja, Sebo. IntroduçãoAs vacas de alto mérito genético demandam grande quantidade de nutrientes. Para atender a essa exigência, elas necessitam de consumo elevado de alimento de alta qualidade. Essa demanda por nutrientes é ainda maior no terço inicial da lactação, quando ocorre desequilíbrio entre a exigência e a capacidade de ingestão de nutrientes, conseqüência do consumo baixo de matéria seca causando déficit principalmente de proteína e energia (Deresz et al., 1996).Os lipídeos têm sido usados, segundo Palmquist (1987), citado por Coppock e Wilks (1991), como forma de aumentar a densidade energética da dieta, sem contudo, alterar a relação volumoso:concentrado ou aumentar o incremento calórico. No entanto, de acordo com Palmquist e Jenkins (1980), a gordura é comumente limitada a 5 a 6% da matéria seca da dieta, pois valores maiores podem afetar a fermentação ruminal, através da interferência que ocorre sobre os microrganismos e/ ou sobre a partícula do alimento dificultando a ação das bactérias celulolíticas no rúmen. Entre as fontes de lipídeos utilizadas podem ser citadas as de origem animal (sebo, banha), as de origem vegetal, tais como as sementes de oleaginosas (algodão, girassol e soja) e fontes de gordura protegida (Rabello et al., 1996). O presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da suplementação com diferentes fontes lipídicas em dietas para vacas no início da lactação sobre a produção e composição química do leite e a eficiência alimentar. Material e MétodosOito vacas da raça Jersey, puras de origem, multíparas, com peso vivo médio de 380 kg e com escore corporal de 3.5 a 4.0, segundo classificação de Wildman et al. (1982), foram utilizadas em um experimento em dois Quadrados Latinos 4 x 4. Cada período experimental teve a duração de 21 dias, sendo 14 dias para adaptação dos animais à rotina experimental e às instalações e sete dias para coleta de amostras (Pimentel Gomes, 1990). Os tratamentos consistiram na inclusão de diferentes fontes de gordura na dieta: Tratamento 1- Concentrado sem a inclusão de fonte de gordura; Tratamento 2- Concentrado + sebo bovino; Tratamento 3- Concentrado + gordura protegida e Tratamento 4- Concentrado + grãos de soja integral triturados. Os animais se encontravam na 2a ou 3a ordem de lactação e apresentavam, em média, 38 dias de lactação. Foi utilizado no experimento um galpão, onde os animais permaneceram em confinamento de forma individualizada. A higienização das baias e dos bebedouros foi feita diariamente. O exame parasitológico das fezes realizado no início do trabalho apresentou resultado negativo. Os ingredientes utilizados para a preparação dos concentrados foram grãos de milho moídos, farelo de soja, fosfato bicálcico, pré-mistura mineral e vitamínica e calcário, cujo fator de variação foi a inclusão ou não de diferentes fontes lipídicas. As fontes de lipídeos foram adicionadas de modo a tornar as dietas suplementadas isoenergéticas. A composição bromatológica das dietas é mostrada na Tabela 1. As análises químicas das dietas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia. As determinações dos teores de minerais nestes materiais e, também no leite, foram executadas no Laboratório de Solos, ambos pertencentes à Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Um programa de computador foi empregado para a formulação das dietas, utilizando as exigências nutricionais das vacas em lactação estabelecidas pelo NRC (1989). A dieta foi calculada visando manter a proporção volumoso:concentrado em 60:40 com base da matéria seca, respectivamente. A gordura protegida empregada, de nome comercial "Enerjet", é composta por 100% de ácidos graxos de óleo de palma. A composição química, segundo as informações contidas no rótulo é a seguinte: Gordura bruta 84%; cinzas = 12 a 13% e umidade = 3 a 4%. O sebo utilizado foi oriundo da limpeza de carcaças de bovinos durante o abate, ou da limpeza dos cortes. Um fato a ser considerado é que com a epidemiologia da Encefalopatia Espongiforme Bovina - EEB e a necessidade de manutenção da situação sanitária do Brasil em relação a essa doença, o Ministério da Agricultura e Pecuária – MAPA, através da Instrução Normativa nº 15, datada de 17/07/2001 proibiu em todo o território nacional a produção, a comercialização e a utilização de produtos destinados à alimentação de ruminantes que contenham em sua composição proteínas e gorduras de origem animal. Desse modo, no momento está proibida a utilização do sebo no Brasil. Os alimentos foram previamente pesados e fornecidos individualmente. O concentrado foi fornecido diariamente três vezes ao dia, ou seja, após as ordenhas e no intervalo de tempo entre elas. Os volumosos foram fornecidos misturados, duas vezes diariamente, ou seja, após cada ordenha e depois do consumo total do concentrado. Os volumosos constituídos por silagem de milho e feno de alfafa foram fornecidos na proporção de 1:1 na matéria seca e oferecidos à vontade, sendo permitida uma sobra de pelo menos 10% do volumoso. Os animais também receberam 30 g de bicarbonato de sódio misturado ao concentrado antes de colocado no cocho. Água fresca e de boa qualidade ficou permanentemente à disposição dos animais. As análises das amostras dos alimentos fornecidos incluíram matéria seca (MS) a 105oC, proteína bruta (N x 6,25) pelo método micro-Kjeldahl e extrato etéreo segundo técnicas descritas na AOAC (1996); os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram determinados conforme método de Goering & Van Soest (1970) e os teores de cálcio e fósforo foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica conforme método de Tedesco et al. (1995). As vacas foram ordenhadas duas vezes ao dia em ordenha mecânica, às 7 h e 30 min e às 17 h e 30 min, sendo as produções individuais de leite medidas em cada ordenha e a produção registrada diariamente durante todo o período experimental. A ordenha foi realizada em sala de ordenha tipo «espinha de peixe» duplo quatro. Diariamente foi realizado o controle profilático de mastite mediante diagnóstico clínico utilizando a caneca de fundo telado, enquanto o subclínico da mesma foi efetuado quinzenalmente através do Califórnia Mastitis Test (CMT). No 19 A eficiência alimentar foi calculada através da média de produção de leite corrigida para 4% de gordura em relação à média de consumo total de matéria seca em kg (Dhiman et al., 1995). Os dados obtidos foram analisados utilizando o programa estatístico SAS (SAS/STAT, 1998), usando-se a análise de variância dos valores médios de cada tratamento e as médias comparadas pelo teste de Tukey. Resultados e DiscussãoOs processos metabólicos que regulam a pela quantidade e qualidade dos nutrientes composição e a produção de leite são controlados absorvidos e o uso destes pelos diferentes tecidos, os quais são controlados por um grande número de hormônios e de enzimas. Deste modo, mudanças na composição do leite são geralmente menos óbvias do que o esperado (Nörnberg, 2003). Na Tabela 2 podem ser observados os valores médios referentes à produção de leite corrigido para 4% de gordura (kg/dia) e sem corrigir e a eficiência alimentar por tratamento. Não houve efeito de tratamento (P>0.05) para as diferentes fontes lipídicas na produção de leite, o que está em concordância com os dados de Vargas et al. (2002) e Schafhäuser (2005) e em discordância com o trabalho de Nörnberg (2003). Em relação à produção de leite corrigida a 4% de gordura houve diferença (P<0.05) entre as diferentes fontes de gordura, sendo que os animais que receberam gordura protegida apresentaram maior produção (P<0.05) em relação ao tratamento controle. Houve aumento de 9% na produção de leite a 4% de gordura entre os animais que consumiram gordura protegida e o grupo não suplementado. Este aumento na produção no tratamento com gordura protegida provavelmente ocorreu, porque estes podem ser diretamente transferidos para a gordura do leite poupando energia para outras funções da glândula mamária (Nörnberg, 2003). Shaver (1990), citado por Scott et al. (1995), verificou que as respostas à suplementação de gordura têm sido variáveis, abrangendo de menos 4.4 a mais 9.6 kg/dia para a produção de leite corrigida para 4% de gordura por quilograma de gordura adicionada. Segundo Gagliostro e Chilliard (1992), esta variação na resposta à suplementação poderia ser devida aos diferentes estados fisiológicos das vacas, ao tipo de volumoso que compõe a dieta basal, à quantidade total de energia consumida pelo animal suplementado e também pela qualidade e composição da gordura utilizada. Bermudes (1999), utilizando 32 vacas da raça Holandesa de alta produção (acima de 30 kg/dia) e na fase inicial da lactação, comparou dois níveis de gordura protegida (0 e 400 g/dia). Observou que os animais que não foram suplementados apresentaram maior produção de leite corrigido a 4% de gordura (32.3 kg/dia) em relação aos suplementados (30.0 kg/ dia). Este resultado contraria aquele verificado por Gagliostro (1997), que ao trabalhar com vacas da mesma raça, no estádio de 100 a 150 dias de lactação, fornecendo também 400 g/dia de gordura protegida, obteve produção de leite de 18.6 kg/dia e o grupo sem suplementação de 17.1 kg/dia. Suplementando vacas com 30 % de grãos de soja moídos (expresso na base da matéria natural) no concentrado, Pereira et al. (1998) observaram redução na produção de leite não corrigida (24.8 e 19.6 kg/dia) e corrigida para 3.5% de gordura (24.8 e 18.3 kg/dia), para os animais não suplementados e com suplementação, respectivamente. A eficiência alimentar das vacas foi diferente (P<0.05) entre as diferentes fontes de lipídeos utilizadas. No tratamento com gordura protegida houve pequena redução (P>0.05) no consumo de matéria seca e aumento (P<0.05) na produção de leite corrigido para 4% de gordura resultando em um aumento (P<0.05) na eficiência alimentar em relação ao tratamento controle (Tabela 2). Do mesmo modo, Pantoja et al. (1996), trabalhando com vacas da raça Holandesa consumindo ou não lipídeos com diferentes graus de saturação, verificaram melhoria na eficiência alimentar (P<0.07) entre os animais suplementados com gordura em relação aos não suplementados e Eifert et al. (2003), quando a dieta experimental composta por óleo de soja passou de 2.84 para 6.14% de extrato etéreo. Testando diferentes fontes de lipídeos Dhiman et al. (1995) observaram que uma pequena redução (P>0.01) no consumo de matéria seca e aumento (P<0.05) na concentração de gordura no leite provocaram aumento (P<0.05) na eficiência alimentar (1.45) da dieta com sais cálcicos de ácidos graxos em relação aos tratamentos sem suplementação (1.27), com grãos de soja tostados (1.31) e sebo hidrogenado (1.31). Ao contrário, Wu et al. (1993) trabalhando com dietas onde a gordura adicionada foi o sebo, sais de cálcio ou gordura cristalizada, não obtiveram efeito sobre a eficiência alimentar (1.25, 1.36 e 1.31, respectivamente) quando comparada com o grupo controle (1.27). Na Tabela 3 podem ser observados os valores médios referentes à concentração (%) e produção (g/ dia) de gordura, proteína e lactose no leite por tratamento. A avaliação da composição química do leite pode indicar o valor nutricional da dieta em termos de eficiência de utilização dos nutrientes e da saúde do animal, permitindo a obtenção de um melhor desempenho, e também a redução de custos (Nörnberg, 2003). A percentagem e a produção de gordura no leite não foram diferentes (P>0.05) entre as fontes lipídicas. Os dados encontrados são característicos da raça Jersey. Bermudes (1999), ao utilizar vacas da raça Holandesa na fase inicial da lactação, não observou diferença na percentagem de gordura. Entretanto, houve diferença (P<0.05) na produção de leite. Os animais não suplementados produziram mais gordura no leite (1 161 g/dia) em relação aos que receberam 400 g/dia de gordura protegida (1 062 g/dia). Por outro lado, Malafaia et al. (1996), trabalhando com sebo bovino e Mora et al. (1996), Pereira et al. (1998) e Santos et al. (2000), trabalhando com grãos de soja submetidos a diferentes tratamentos, não encontraram efeito na percentagem de gordura no leite, da mesma forma que também Schafhäuser (2005) quando avaliou diferentes níveis de farelo de arroz integral. Gagliostro (1997) observou que a percentagem de gordura do leite não foi diferente entre os tratamentos, mas aumentou (P<0.09) a quantidade total de gordura produzida (606 vs 561 g/dia, respectivamente, para os animais suplementados e não suplementados com gordura protegida). A Tabela 3 mostra que os dados de concentração (%) de proteína bruta no leite bem como os dados de produção de proteína (g/dia) entre os tratamentos são praticamente iguais; em média, 3.5% e 740 g/dia, respectivamente. Como se poderia concluir a priori, a análise de variância não apresentou significância (P>0.05) para o efeito da suplementação ou não de uma fonte de gordura sobre estas duas variáveis. Onetti et al. (2002), testando os efeitos da adição de sebo, também não verificaram alteração sobre o teor de proteína do leite. Trabalhando com vacas da raça Holandesa, Gagliostro (1997) não observou diferença nestes duas variaveis testando a inclusão ou não de 400 g de sais cálcicos de ácidos graxos de óleo de palma à dieta (2.95 versus 3.06% e 546 versus 521 g/dia de proteína no leite, respectivamente). Do mesmo modo, Bermudes (1999) não observou diferença tanto na concentração de proteína (2.83 versus 2.86 g/100 mL de leite), quanto na produção de proteína no leite (1.056 versus 1.007 kg/dia), respectivamente, ao não suplementar ou fornecer também 400 g/dia de gordura protegida na dieta. No presente trabalho a concentração de lactose não foi diferente (P>0.05) entre as diferentes fontes lipídicas. O leite dos animais que receberam grãos de soja triturados apresentou numericamente maior teor (5.0%) e o leite dos animais que não receberam a adição de lipídeosou que receberam a gordura protegida mostrou o menor valor, 4.8%, e com um valor intermediário (4.9%) para o tratamento que incluiu o sebo. A produção de lactose não apresentou efeito (P>0.05) entre as diferentes fontes de lipídeos. Em relação à percentagem de lactose no leite os resultados verificados estão de acordo com os obtidos por Avila et al. (2000), que ao testarem a adição ou não de fontes lipídicas (sebo, gordura amarela ou a mistura de ambos), observaram que a percentagem de lactose entre os tratamentos não foi alterada pela suplementação. Do mesmo modo, Bermudes (1999), testando gordura protegida, Santos et al. (2000), utilizando grãos de soja moídos ou o seu óleo, Vargas et al. (2002), suplementando os animais com gordura de soja, Nörnberg (2003), utilizando gordura protegida e farelo de arroz integral associado a sebo ou óleo de arroz e Schafhäuser (2005), farelo de arroz associado a níveis crescentes de óleo de arroz, não observaram diferença na concentração de lactose entre os tratamentos. A lactose e o potássio no leite da vaca sem mastite mantêm o equilíbrio osmótico entre o leite e o sangue através da retirada de água dos fluídos extra e intra-celulares. Assim, quanto mais lactose é secretada tanto mais água é necessária para formar o leite (87.5% de água), fazendo com que este seja o componente do leite menos afetado pela alimentação (Mühlbach et al. 2000). Na Tabela 4 podem ser observados os valores médios referentes à concentração de caseína, uréia, sólidos totais, sólidos não gordurosos, cálcio, matéria mineral e energia no leite. A caseína é a principal proteína do leite e do queijo e por esta razão, a produção de queijo depende diretamente da quantidade de caseína no leite (Cerbulis e Farrell, 1975). Houve diferença significativa (P<0.05) na percentagem de caseína do leite nas vacas recebendo diferentes fontes de lipídeos, sendo que os animais não suplementados com lipídeos e aqueles que receberam gordura protegida, apresentaram maior e menor concentração de caseína no leite (P<0.05), respectivamente. O leite das vacas que receberam sebo ou grãos de soja mostraram concentrações de caseína intermediárias sem diferenças entre si (P>0.05). Mohamed et al. (1988), trabalhando com um grupo controle (sem gordura) e grãos de soja na forma de farelo mais o óleo, grãos inteiros e grãos inteiros tostados, observaram redução no teor de caseína no leite (2.6, 2.6 e 2.6%, respectivamente, para os animais dos tratamentos contendo soja) em relação aos animais que não receberam suplementação (2.8% de caseína), concordando com os resultados observados. Em relação ao teor de uréia no leite, não houve diferença entre os tratamentos (P>0.05). O conteúdo de NNP do leite representa 5 a 6% do N total sendo seu maior componente a uréia. Ela é derivada principalmente da uréia sangüínea, que é produzida a partir do excesso de amoníaco ruminal e do catabolismo de aminoácidos no fígado (DePeters e Ferguson, 1992). Quanto maior o conteúdo de uréia no sangue, maior o conteúdo no leite e maior desbalanço na relação proteína:energia da dieta (Oltner et al., 1985). Bermudes (1999), testando a adição (400 g/dia) ou não de gordura protegida na dieta para vacas da raça Holandesa na fase inicial da lactação, não observou efeito sobre as concentrações de caseína (2.3 versus 2.2 g/100 mL) e uréia (0.032 versus 0.033 g/ 100 mL) do leite, respectivamente, para as dietas não suplementadas ou com adição de gordura. Nas concentrações de sólidos totais e sólidos não gordurosos não foram observadas diferenças (P>0.05) entre os tratamentos. Os resultados obtidos foram praticamente iguais para as duas variáveis com um valor médio de 14.2% para os sólidos totais e 9.3% para os sólidos não gordurosos nos quatro tratamentos. Da mesma forma, Mora et al. (1996) e Pereira et al. (1998), testando diferentes níveis de grãos de soja na dieta, não encontraram diferença entre os tratamentos quanto a estas duas variáveis. Ao contrário, Nörnberg (2003) observou redução na concentração dos sólidos totais no leite para os animais que receberam gordura na dieta em relação aos não suplementados. Nas concentrações de cálcio e matéria mineral também não foram observadas diferenças (P>0.05) entre tratamentos. O cálcio do leite origina-se do plasma sangüíneo, que por sua vez, provém dos alimentos e dos ossos. Como o cálcio sangüíneo encontra-se em equilíbrio com o cálcio dos ossos (Schmidt, 1974), esperava-se que não houvesse efeito da suplementação de gordura sobre a concentração deste mineral no leite, o que foi verificado por Banks et al. (1984, 1990) que também não obtiveram efeito no teor de cálcio no leite ao utilizarem diferentes fontes de lipídeos na dieta. Em relação à energia do leite, não houve diferença (P>0.05) entre os tratamentos. Os valores de energia do leite obtidos foram (Mcal por dia) para T1-19.6, T2- 20.2, T3- 21.8 e T4- 20.5. Schafhäuser (2005) igualmente observou este resultado, testando níveis crescentes de óleo de arroz adicionado ao farelo de arroz integral. Por outro lado, Smith et al. (1978) observaram que esta variável foi maior no tratamento com sebo protegido (24.2 Mcal/dia) em relação ao controle (21.3 Mcal/dia). Segundo estes autores, há incorporação direta da gordura da dieta na gordura do leite o que reduz o incremento calórico; portanto, o consumo de sebo protegido por vacas em lactação é esperado que aumente a eficiência da utilização de energia. ConclusõesA suplementação com gordura protegida para vacas da raça Jersey no início da lactação na dieta, aumenta em 9% a produção de leite corrigida a 4% de gordura e melhora a eficiência alimentar (kg de leite corrigido a 4% de gordura produzido por kg de matéria seca total consumida) em 10.8% sem, no entanto, influenciar as concentrações e produções de gordura, proteína e lactose no leite. A utilização de fontes de lipídeos, tais como sebo bovino e grãos de soja triturados na dieta de vacas da raça Jersey, no terço inicial da lactação, não altera as concentrações e produções de gordura, proteína e lactose e as concentrações de uréia, sólidos totais, cálcio e matéria mineral do leite. Literatura Citada
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