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Archivos Latinoamericanos de Produccion Animal
Asociacion Latinoamericana de Produccion Animal
ISSN: 1022-1301 EISSN: 2075-8359
Vol. 17, Num. 1-2, 2009, pp. 25-30

Archivos Latinoamericanos de Produccion Animal, Vol. 17, No. 1-2, January-June, 2009, pp. 25-30

Efeito da inclusão de níveis de óleo de soja sobre a aceitabilidade e digestibilidade de dietas para eqüinos

Inclusion of soy oil levels on the acceptability and digestibility of diets for equines

A. Gobesso1, W. Pastori, R. Ribeiro, L. Prezotto

1 Autor para la correspondencia, e-mail: gobesso@fmvz.usp.br

Departamento de Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Brasil.

Recibido Febrero 1, 2008. Aceptado Noviembre 27, 2008.

Code Number: la09004

ABSTRACT

The effects of different quantities and types of dietary fats on the digestibility of feeds for equines are complicated and not fully understood. The present work was undertaken to evaluate the acceptability and digestibility of dry matter (DM), organic matter (OM), crude protein (CP), ether extract (EE), and neutral and acid detergent fibers (NDF, ADF), upon increasing inclusion levels of soybean oil (SBO) (5, 10, 15 and 20%) in the concentrate portion of diets composed of equal parts of grass hay and concentrate. The total collection of feces method was used with four yearling colts. The experimental design was 4 x 4 Latin square and the data were analyzed by simple polynomic regression. The SBO showed good acceptability as all of the concentrates offered were consumed. Level of SBO inclusion in the concentrate affected (P < 0.05) OM digestibility, there being and initial increase up to a maximum of 66.7% at the 10.74% inclusion level and decreasing digestibility thereafter; in analogous fashion the digestibilities of NDF and ADF increased to maxima of 51.8% and 45.5% at SBO inclusion levels of 9.5% and 10.56%, respectively. The lower digestibilities at higher inclusion levels were presumably due to inhibitory effects of added lipid on the cecal cellulolytic microflora. Level of SBO inclusion did not significantly affect the digestibilities of DM, CP and EE, although DM digestion followed a quadratic tendency (P = 0.08) very similar to that observed for OM.

Key words: Animal acceptance, Digestibility, Horses, Lipid feeding, Soybean oil

RESUMEN.

Los efectos de diversas cantidades y tipos de grasas dietéticas sobre la digestibilidad de los alimentos equinos son complejos y no completamente entendidos. El presente trabajo tuvo como objetivo evaluar la aceptabilidad y digestibilidad de la materia seca (MS), materia orgánica (MO), proteína bruta (PB), extracto etéreo (EE) y fibras detergente neutro y ácido (FDN, FDA) al incorporar niveles crecientes de aceite de soja (5, 10, 15 y 20%) en la porción concentrado de dietas compuestas de partes iguales de heno de gramínea y concentrado. Se usó la metodología de colección total de heces fecales con cuatro potros añeros. El diseño experimental fue un cuadrado latino 4 x 4 y se analizaron los datos por regresión simple polinómica. El aceite de soya mostró buena aceptabilidad, siendo consumidos todos los concentrados ofrecidos. El nivel de aceite de soya en el concentrado afectó (P < 0.05) la digestibilidad de MO, habiendo inicialmente aumento hasta el punto máximo de 66.7% a 10.74% de inclusión y luego digestibilidad decreciente; a modo análogo aumentaron las digestibilidades de FDN y FDA a puntos máximos de 51.8% y 45.5% a inclusiones de 9.5% y 10.56%, respectivamente. Las menores digestibilidades a mayores niveles de aceite se deben presumiblemente al efecto inhibidor del lípido sobre la microflora celulolítica del intestino ciego. El nivel de inclusión de aceite de soya no tuvo efecto significativo sobre las digestibilidades de MS, PB y EE, pero la de MS mostró una tendencia cuadrática (P = 0.08) muy parecida a la observada para MO.

Palabras clave: Aceite de soya, Aceptación animal, Alimentación con lípidos, Caballos, Digestibilidad

Introdução

Recentemente houve um aumento no uso de gordura na dieta principalmente para animais de alto desempenho. Isso é devido ao fato da ração ter maior densidade energética, ser palatável e de alta digestibilidade, que pode aumentar o balanço energético, fornecendo mais energia para o trabalho, visto que uma ótima desempenho no esporte é baseada em combinação de fatores como habilidade natural, saúde, treinamento e dieta.

Tradicionalmente o aumento da densidade energética é obtido com o uso de grãos contendo carboidratos. Um excesso de grãos na dieta pode ocasionar redução na ingestão de forragens, levando a diminuição do consumo de água e eletrólitos, aumentado os riscos da ocorrência de doenças principalmente aquelas relacionadas a distúrbios digestivos em cavalos. As gorduras podem ser fontes de energia mais seguras em dietas de alta densidade energética que os carbo-idratos, retirando as adversidades decorrentes da alta concentração destes.

Os efeitos da suplementação de gordura na dieta têm sido estudados extensivamente para desempenho no esporte, porém poucos pes-quisadores têm conduzido estudos sobre o efeito da digestibilidade dos nutrientes. Os efeitos das gorduras em relação a digesti-bilidade de outros nutrientes são complexos e não estão completamente esclarecidos. Diversos trabalhos com adição de gordura na dieta apresentam resultados contraditórios, principal-mente quanto a digestibilidade da fibra. Alguns pesquisadores informam que a adição de gordura à ração não afetou a digestibilidade da fibra (Bush et al., 2001; Resende Jr. et al., 2004) embora outros encontraram um aumento (Hughes et al., 1995; Scott et al., 1989;. Jansen et al., 2000; 2002).

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a aceitabilidade e a digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato estéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), de acordo com níveis crescentes de inclusão de óleo de soja na dieta.

Materiais e Métodos

O experimento foi delineado em Quadrado Latino 4 x 4, cada período teve duração de 11 dias, sendo 8 para adaptação e 3 para coleta total de fezes.

Foram utilizados quatro potros, irmãos do mesmo pai, com média de 12 meses de idade e 270 kg de peso, os quais ficaram alojados em baias individuais.

Os tratamentos consistiram na inclusão dos níveis de 5, 10, 15 e 20% de óleo de soja no concentrado. A dieta foi composta de feno de gramínea Cynodon dactylon (L.) pers Var. «Coast cross» e concentrado diferindo apenas para a quantidade de inclusão de óleo de soja. A composição do concentrado e do feno estão apresentados no Quadro 1.

A quantidade diária oferecida aos animais, com base na matéria natural, foi de 2.5 kg de concentrado e 2.5 kg de feno, dividida em partes iguais e fornecida duas vezes ao dia, em intervalos constantes as 7:00 e 19:00 horas.

O arranjo utilizado foi estruturado em níveis e analisado por regressão simples polinomial. As análises estatísticas foram realizadas, utilizando-se o programa Statystical Analisys System (SAS) 2004, considerando-se P < 0.05 como nível de significância.

Resultados e Discussão

Houve boa aceitabilidade do óleo de soja. Todo o concentrado fornecido foi consumido, não havendo sobras ou distúrbios gastrintes- tinais. Hambleton et al. (1990) acrescentaram gorduras na proporção de 20% na ração total e 30% na mistura de grãos sem encontrar efeitos adversos e Holland et al. (1996) determinaram que dietas com teores de 15% de óleo de milho são muito bem aceitas por eqüinos, concordando com os dados deste experimento.

Os valores médios de digestibilidade, desvio padrão, valores de probabilidade para regressão linear, quadrática e cúbica, equação de digesti- bilidade e seu respectivo R2 estão apresentados no Quadro 2.

Apesar da digestibilidade da MS não ser significativa observou-se uma tendência (P = 0.0808) para equação quadrática (Quadro 2). Como observado há aumento da digestibilidade até o nível de 10% e diminuição após esse ponto. A digestibilidade da MO apresentou efeito quadrático (P = 0.0131), muito semelhante ao encontrado para a MS, apresentando o maior valor de digestibilidade no nível de 10% de inclusão de óleo de soja e diminuição após este nível.

Segundo Jansen et al. (2000), uma maior quantidade de gordura que entra no ceco pode diminuir o crescimento microbiano e ocasionar menor saída de proteína microbiana nas fezes, fato que por si só poderia aumentar a digestibili- dade aparente da proteína bruta. Apesar dos dados deste experimento concordarem com o fato de que uma quantidade maior de gordura presente no ceco prejudica a atividade micro- biana cecal, observou-se tendência (P = 0.0601) a diminuição da DPB e não o seu aumento. A equação encontrada (Quadro 2), demonstra diminuição de 0.28% de digestibilidade para cada 1% de inclusão de óleo de soja no concentrado.

Meyer et al. (1997), trabalhando com cavalos com fistula na porção distal do íleo, observaram diminuição da digestibilidade da PB no intestino devido a inclusão de gordura a dieta, concor- dando com os dados desse experimento, porém, os mecanismos ainda não estão totalmente esclarecidos.

As gorduras suplementadas a dieta são bem utilizadas pelos eqüinos e são primordialmente degradadas e absorvidas no intestino delgado (Meyers et al., 1987), entretanto, uma porcentagem do extrato etéreo escapa desse processo e alcança o ceco e cólon. Os dados deste experimento apre- sentam pequeno aumento, não significativo da

DEE, conseqüentemente, um aumento da inclusão de óleo de soja na dieta acarreta em maior quantidade de gordura não digerida que chega ao intestino grosso dos animais, fato que prova-velmente afetou a digestibilidade da fibra.

Meyers et al. (1987) comparando dieta sem adição de gordura (6.64% de EE com base na MS) com dietas acrescidas de gordura animal (11.68% e 17% de EE) não observaram diferença significativa para a digestibilidade do EE. Webb et al. (1987) comparando dieta sem adição de gordura (5% de EE) com dieta suplementada com óleo vegetal (8.39% de EE), apresentou valores para DEE de 82.5 e 82.6%, respectivamente, não demons- trando diferença estatística, concordando com os dados deste experimento.

Discordando com os dados encontrados, Hughes et al. (1995); Julen et al. (1995); McCann et al. (1987), Bush et al. (2001) e Jansen et al. (2000), apresentaram aumento significativo para diges- tibilidade do extrato etéreo ao adicionar óleos a dieta. Visto que óleos vegetais apresentam maior digestibilidade do EE quando comparado ao de grão e forragens, esses autores relatam que a adição de um componente mais digerível (óleo) pode elevar os valores da digestibilidade aparente total do extrato etéreo.

A inclusão de óleo de soja no concentrado afetou a digestibilidade da FDN (P = 0.0396) e FDA (P = 0.0353) apresentando respostas quadráticas (Figura 1). De acordo com as equações encontradas pode-se dizer que o maior valor de digestibilidade aparente (ponto de inflexão da curva) para FDN foi de 51.83% e para FDA de 45.48%, para os níveis de inclusão de 9.5 e 10.56%, respectivamente, havendo diminuição da digestibilidade após estes níveis.

Segundo Czerkawski e Clapperton (1984), o efeito dos ácido graxos na fermentação micro- biana da fibra é dose dependente, estimulando o crescimento em baixas concentrações e inibindo em altas, fenômeno que explica os dados encon- trados neste experimento e possivelmente pode explicar alguns dos resultados conflitantes sobre a influência da gordura na digestibilidade da fibra.

A diminuição da digestibilidade devido a inclusão de óleo no concentrado ocorre provavel- mente pois gorduras presente no ceco podem inibir a atividade celulolítica da microflora cecal, por mecanismos semelhantes aos que ocorrem no rúmen de bovinos, no qual há diminuição do atracamento das bactérias celulolíticas à parede celular da fibra e também toxicidade à micro- flora (Palmquist, 1984), prejudicando a utilização da fibra e conseqüentemente diminuindo a digestibilidade aparente de FDN e FDA.

Julen et al. (1995) e Webb et al. (1987) comparando dietas para eqüinos com inclusão de 10% de sebo bovino com dietas sem inclusão de gordura observaram aumento da digestibilidade da FDN, discordando com os dados encontrados, porém esses autores utilizaram gordura animal e segundo Galbraith et al. (1971) os ácidos graxos saturados são menos potentes em inibir o crescimento microbiano quando comparados aos poliinsaturados.

Jansen et al. (2000), comparando duas dietas isoenergéticas e isoproteicas, sendo uma controle, sem adição de óleo, e outra suplementada, com adição de 15% de óleo de soja, observaram menor digestibilidade no grupo suplementado (FDN 54.6%, FDA 42.2%) comparado ao controle (FDN 60.8%, FDA 50.5%) para P < 0.05, concordando com os dados deste experimento. O autor justifica esse fato possivelmente pela presença de gordura que alcançou o ceco, porém não descarta a possibilidade da alta ingestão de gordura diminui a digestão pré-cecal de amido o que leva a aumento da fermentação no ceco, diminuindo o pH e prejudicando a utilização da fibra. Jansen et al. (2002), substituindo o amido por glicose no concentrado, testou um grupo controle e um grupo suplementado com inclusão de óleo de soja, verificaram diminuição da digestibilidade de FDN e FDA para o grupo com adição de óleo. Isso concorda com os resultados de seu estudo prévio, porém, neste experimento, não houve influencia do amido diminuindo o pH cecal, mas houve diminuição da digestibilidade do FDN e FDA, concluído haver efeito tóxico da gordura para os microorganismos celulolíticos.

Conclusão

O aumento do nível de óleo de soja no concentrado afetou a digestibilidade da MO, FDN e FDA, aumentando-a até o nível de inclusão de 10.7%, 9.5% e 10.5% respectivamente e diminuindo após este ponto. A inclusão de óleo não afetou significativamente a digestibili-dade da MS, PB e EE, porem para MS a tendência foi semelhante à da MO.

Literatura Citada

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