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Archivos Latinoamericanos de Produccion Animal
Asociacion Latinoamericana de Produccion Animal
ISSN: 1022-1301 EISSN: 2075-8359
Vol. 17, Num. 1-2, 2009, pp. 43-54

Archivos Latinoamericanos de Produccion Animal, Vol. 17, No. 1-2, January-June, 2009, pp. 43-54

Nota tecnica: Vias de aplicação de Closantel como anti-helmíntico gastrintestinal em ovinos

Routes of Applying Closantel as a gastrointestinal anthelmintic in sheep

M. J. R. Lacerda, V. V. B. Rocco1, K. C. Guimarães2, P. P. S. Souza1 e L. H. Fernandes3

Universidade Federal de Goiás – UFG, Goiânia-GO, Brasil. CEP 74001-970.

1Universidade de Rio Verde, Rio Verde-GO, Brasil. CEP 75901-970.
2Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Verde, Rio Verde-GO, Brasil. CEP 75901-970.
3Estância B.S., BR 060, Km 417, Rio Verde-GO.Brasil
Autor para la correspondencia, e-mail:

Recibido Mayo 4 2008. Aceptado Noviembre 1, 2008.

Code Number: la09008

ABSTRACT.

The efficiency of applying Closantel to sheep by oral and injectable routes was evaluated. Eighty-one female sheep, ranging in age from seven to nine months and weighing about 40 kg, divided into three groups of 27 each, were used. The number of eggs per gram of faeces was determined at two collections. Oral application gave a numerically higher efficiency (96%) than injectable (73%), the difference was not statistical (P > 0.05). Therefore, the method of application of choice should be the one most practical and of lowest cost.

Key words: Endoparasites, Fecal egg counts, Vermifugation

RESUMO.

O objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de aplicação por via oral e injetável do princípio ativo Closantel em 81 borregas com idade entre sete e nove meses e peso vivo médio de 40 kg, subdivididas em três lotes com 27 cada. Foram realizadas duas coletas de fezes, avaliando-se o número de ovos por grama de fezes (OPG). Os resultados indicaram que a via oral possibilitou um maior controle (96% de eficácia) que a via injetável (73%), não sendo detectada, entretanto, diferença significativa entre as vias de aplicação destas drogas. Portanto, deve-se optar pela forma mais prática de aplicação e de menor custo.

Palavras-chave: OPG, Endoparasitas, Vermifugação

Introdução

Um dos principais problemas sanitários encontrados na ovinocultura, e que limita consideravelmente o aproveitamento econômico destes animais, são as endoparasitas gastrintestinais. Os ovinos são parasitados por helmintos em todas as faixas etárias e sua ação provoca redução na produção e na qualidade da carne e lã, retardamento no desenvolvimento corporal, prejuízosà digestão e absorção de nutrientes, além do aumento do índice de mortalidade do rebanho (Holmes, 1987). Entretanto, a resistência antihelmíntica constitui-se num dos principais fatores limitantes à produção animal, uma vez que inviabiliza o controle efetivo das verminoses dos pequenos ruminantes, refletindo negativamente nos índices produtivos.

A ausência de resposta ao tratamento antihelmíntico não significa, necessariamente, um caso de resistência, pois alguns sintomas clínicos, como diarréia, anemia e perda de condição corporal não são específicos e podem ser atribuídos a outros fatores, como: agentes infecciosos, nutrição deficiente, deficiência mineral e intoxicações por plantas. Alguns fatores podem contribuir para que o tratamento anti-helmíntico apresente falhas, dentre elas a rápida reinfestação das pastagens contaminadas, presença de larvas inibidas ou em desenvolvimento que não são atingidas pelo antihelmíntico, equipamento defeituoso, sub-dosagem ou escolha errada do medicamento para o parasito a ser controlado (Vieira, 2003).

Falhas nesse tipo de controle é o primeiro sinal do aparecimento de resistência antihelmíntica (Melo et al., 2003). A escolha da via de aplicação do anti-helmíntico é fator decisivo para garantir a eficácia do mesmo. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de aplicação por via oral e injetável do princípio ativo closantel, em borregas.

Material e Métodos

O experimento foi realizado na Estância B.S., no município de Rio Verde-GO. Foram utilizadas 81 borregas das raças Texel, Ille de France e sem raça definida (SRD), com idade entre sete e nove meses. Esses animais foram pesados para determinar a dosagem adequada dos anti-helmínticos. O peso vivo médio foi de 40 kg. Esses animais foram subdivididos em três lotes com 27 animais cada. O primeiro recebeu closantel via oral (0.2 mg kg-1 de peso vivo), o segundo lote foi vermifugado via injetável (0.05 mg kg-1 de peso vivo), e o terceiro lote constituído por animais não vermifugados (controle). Ambas as vias de aplicação possuíam o mesmo princípio ativo (closantel). Os animais foram vermifugados após jejum alimentar de 12h e água a vontade. A propriedade não realizou nenhum controle antiparasitário nestes animais nas 13 sem anteriores ao início do experimento.

Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos de antihelmínticos e 27 repetições. Durante o experimento, todos os animais foram mantidos em piquetes formados com Cynodon (cv. Tifton), não sendo empregado o manejo rotacionado. Os grupos foram formados aleatoriamente e identificados numericamente com tinta sob a lã. Foram realizadas duas coletas de fezes, avaliando-se o número de ovos por grama de fezes (OPG), de acordo com Gordon e Whitlock (1939), modificada por Ueno e Gutierrez (1983). A primeira coleta foi feita no tempo zero. Em seguida, os animais foram vermifugados e a segunda avaliação feita após sete dias. A eficácia do closantel sobre as populações de helmintos adultos presentes nos animais foi avaliada através da fórmula de Ueno e Gonçalves (1998):

% de eficácia = (nº de helmintos no grupo controle – nº de helmintos de animais medicados) x 100/noº de helmintos no grupo controle

Os dados foram transformados (log OPG + 1), submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey (5%), utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 1999).

Resultados e Discussão

Os resultados indicaram que closantel foi eficaz no controle dos parasitos, sendo que por via oral possibilitou um maior controle (96% de eficácia) que por via injetável (73%), não sendo detectada, entretanto, diferença entre estas vias de aplicação (Figura 1).

O uso das vias oral ou injetável ocorre visando à redução de custos das criações (Berger, 2003). De acordo com Madureira (1998), a via de aplicação de vermífugos mais indicada é a injetável já que o animal possui uma área fácil de ser atingida sem que ocorra o refluxo do medicamento, além de favorecer a segurança do aplicador. Entretanto, estudos desenvolvidos com eqüinos e bovinos em várias regiões do Brasil, notadamente em Minas Gerais, no interior do Rio de Janeiro e do Espírito Santo evidenciam forte tendência no uso de vermífugos por via oral (Berger, 2003). Esse autor também relata que não há garantia de absorção intestinal adequada destes vermífugos, não havendo, conseqüentemente, garantia de eficácia das drogas. Além disso, o veículo destes compostos pode ser altamente irritanteà mucosa gástrica, podendo induzir ao aparecimento de gastrites e lesões erosivoulcerativas, como as úlceras gástricas. De modo geral, recomenda-se que o tratamento via oral seja efetuado somente em animais submetidos a pasto e com mais de três meses de idade.

Hennessy et al. (1993) relatam que Closantel foi mais eficientemente absorvido por ovinos do que caprinos, utilizando a dose de 7.5 mg kg-1, na forma oral. Por outro lado, esses autores relatam que a dose de mais rápida absorção foi de 3.8 mg kg-1, na forma injetável, permitindo efeito similarà via oral, nas doses 3.8 e 7.5 mg kg-1. Maingi et al. (2002) demonstram alta eficiência no controle de nematódeos gastrintestinais de ovinos aplicando closantel (10 mg kg-1 de peso vivo) combinado com levamisol (7.5 mg kg-1 de peso vivo). Neste trabalho, a dose empregada foi 0.2 mg kg-1, via oral e 0.05 mg kg-1, injetável, obtendo-se satisfatória eficácia, principalmente na forma oral.

De acordo com Waruiru et al. (1998), a ivermectina injetável e oral na dose de 0.2 mg kg-1 de peso vivo, apresentou 100% de eficácia no controle de Haemonchus contortus, Trichostrongylus sp. e Oesophagostomum sp. em caprinos.

Mwamachi et al. (1995) avaliaram a eficácia de closantel, aplicado via injetável, e de suas combinações em ovelhas de um ano de idade e constataram redução de OPG de 48% da população de helmintos. Vercruysse et al. (2001) consideram que até 90% de redução de helmintosé considerado um controle eficaz..

A ovino-caprinocultura sofre consideráveis perdas econômicas devido ao parasitismo por nematódeos gastrintestinais. O controle desse parasitismo é feito, basicamente, com a utilização de anti-helmínticos ministrados via oral ou injetável. Entretanto, comumente tem sido relatados casos de resistência anti-helmíntica em ovinos em diversas partes do mundo. No Brasil, o primeiro relato de resistência anti-helmíntica em ovinos foi no Rio Grande do Sul (Santos e Gonçalves, 1967). Estudos posteriores também indicaram resistência anti-helmíntica em ovinos e em outros ruminantes de outras regiões brasileiras (Melo et al., 1998; Beviláqua e Melo, 1999; Molento, 2002; Ramos et al., 2002; Medeiros et al., 2005). Maingi et al. (2002) relatam que a resistência antihelmínticaé difícil de ser superada, já que a mesma pode estar presente durante um tempo considerável antes de ser descoberta. Thomáz- Soccol e Pohl-de-Souza (1997) constataram resistência ao princípio ativo closantel ao nível de 87.5% em cinco regiões do Paraná. Similarmente, Rosalinski-Moraes et al. (2007) constatou resistência à ivermectina em todos os rebanhos ovinos testados, onde o menor percentual de redução dos helmintos ocorreu quando a droga foi administrada via oral. Contrariamente, Mattos (2003) relata que a ivermectina reduziu em 93.2% o número de ovos de Trichostrongyloidea, em caprinos, quando aplicado via oral.

Cunha-Filho e Yamamura (1999) avaliando a eficácia de controle de parasitos em ovinos por albendazol, moxidectina e ivermectina aplicados em diferentes vias de aplicação, detectaram melhores resultados na via de aplicação injetável, com eficácia de 100% de controle dos parasitos.

Futuros estudos são interessantes visando testar a eficácia de drogas anti-helmínticas com distintos princípios ativos. Além disso, é relevante comparar a eficácia de controle de drogas antihelmínticas convencionais com produtos alternativos, tais como forragens ricas em tanino (Heckendorn et al. 2007), visando amenizar custos.

Conclusão

A forma de aplicação de closantel não influenciou devendo-se optar, portanto, pela via de aplicação no controle de parasitas gastrintestinais em ovinos, mais prática e de menor custo.

Literatura Citada

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